quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Epílogo

Não posso fugir
da minha sina,
ou do destino:
sou autêntico.
Não sou um personagem
de mim mesmo,
e nem sei qual a razão
de tudo isso,
o porquê escrevi,
ou o porquê me expus...
Talvez queria deixar
um relato
ou um retrato
e nem sei qual
a relação
entre estas
duas
palavras
mas pelo menos
rimaram,
talvez queria deixar
uma carta suicida
disfarçada de blog,
mas não suicidei-me,
vejo-me, ainda,
e sinto-me aqui,
vivo,
Graças a Deus.
Viraram-se as páginas,
surgiram horizontes.
Fora isto,
estou enfadado
de falar de mim mesmo.
Aos que vieram,
aos que estão aqui,
e aos que ainda virão,
passeiem a vontade
no parque
das artes
grotescas.
Bebam as linhas explícitas
e chafurdem na lama
até encontrar as entrelinhas
que na verdade
deveriam ser tão ou mais
explícitas
que as próprias linhas.
Já não cobro interpretações
nem entendimentos,
pois eu mesmo busquei
as extremidades das
conexões
e descobri que elas
conectam
nada a coisa nenhuma.
Que coisa besta, esta enfermidade:
bipolaridade...
Aos que buscam informações
técnicas,
características
de bipolares,
anotem aí:
bipolares são famosos
por abortarem projetos,
abandoná-los,
com a mesma convicção
que iniciaram-nos.
No início tudo é
motivação,
obsessão
febril,
e no fim
(que sempre vem antes do fim)
tudo é tédio,
repulsa,
enfado,
desmotivação...
Irei, irei...
e ficam no ar
todos os porquês,
todas as interrogações,
mas fica um consolo
aos que vieram aqui
(tentar) interagir
com um bipolar:
se conseguisse terminar
um projeto,
fosse ele um projeto qualquer,
nem de longe seria
um verdadeiro
bipolar.
Não deletarei o blog.
Aos que quiserem voltar,
fiquem a vontade,
se não vierem os técnicos,
estudantes,
curiosos,
que fique,
então,
o blog,
às traças,
às moscas,
às baratas,
aos ratos.
Espero nunca mais voltar.
Que Deus me ajude.
Vou-me feliz
por sentir
que já não preciso
estar aqui.
Tenham uma boa tarde...
...
..
.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Qual de mim sou eu...?

Aqui, o poeta
não é simplesmente
um gênio do conhecimento
dos sentimentos humanos;
na verdade,
não há gênio
(e nem conhecimento),
o que se passa
é que não passo
a palavra
a personagens,
nem empresto a voz
a ilustres heterônimos:
dividem-se, em mim,
dois pólos,
que não se comunicam,
não dividem o espaço;
cada um,
a seu tempo,
preenche-o completamente,
assenhoreiam-se,
dominam-no,
como se não tivera
outro dono.
São pólos inconciliáveis,
incomunicáveis,
incompatíveis de gênio.
Senhores de si
e as vezes de mim,
confundem-me,
são cheios de razões.
Não sei o que sou,
são parasitas...
alimentam-se
da minha consciência
e só percebo
que não são eu
quando se vão,
mas... alternam-se
tão rapidamente
que nem tenho tempo
de ser eu mesmo...
Eu? Desculpem-me:
quem sou eu...?
Não sei...
Só sei que não sou eles
(mas também não sou eu...)
pois no curto espaço
de tempo
em que se ausentam,
sou apenas
o vácuo,
vazio absoluto...
Deus, olha pra mim...
e cura-me!
antes que julguem-me,
e condenem-me...
porque
ninguém
irá
exorcizar
o que não são
possessões,
mas dualidades:
euforia e medo...