Não posso fugir
da minha sina,
ou do destino:
sou autêntico.
Não sou um personagem
de mim mesmo,
e nem sei qual a razão
de tudo isso,
o porquê escrevi,
ou o porquê me expus...
Talvez queria deixar
um relato
ou um retrato
e nem sei qual
a relação
entre estas
duas
palavras
mas pelo menos
rimaram,
talvez queria deixar
uma carta suicida
disfarçada de blog,
mas não suicidei-me,
vejo-me, ainda,
e sinto-me aqui,
vivo,
Graças a Deus.
Viraram-se as páginas,
surgiram horizontes.
Fora isto,
estou enfadado
de falar de mim mesmo.
Aos que vieram,
aos que estão aqui,
e aos que ainda virão,
passeiem a vontade
no parque
das artes
grotescas.
Bebam as linhas explícitas
e chafurdem na lama
até encontrar as entrelinhas
que na verdade
deveriam ser tão ou mais
explícitas
que as próprias linhas.
Já não cobro interpretações
nem entendimentos,
pois eu mesmo busquei
as extremidades das
conexões
e descobri que elas
conectam
nada a coisa nenhuma.
Que coisa besta, esta enfermidade:
bipolaridade...
Aos que buscam informações
técnicas,
características
de bipolares,
anotem aí:
bipolares são famosos
por abortarem projetos,
abandoná-los,
com a mesma convicção
que iniciaram-nos.
No início tudo é
motivação,
obsessão
febril,
e no fim
(que sempre vem antes do fim)
tudo é tédio,
repulsa,
enfado,
desmotivação...
Irei, irei...
e ficam no ar
todos os porquês,
todas as interrogações,
mas fica um consolo
aos que vieram aqui
(tentar) interagir
com um bipolar:
se conseguisse terminar
um projeto,
fosse ele um projeto qualquer,
nem de longe seria
um verdadeiro
bipolar.
Não deletarei o blog.
Aos que quiserem voltar,
fiquem a vontade,
se não vierem os técnicos,
estudantes,
curiosos,
que fique,
então,
o blog,
às traças,
às moscas,
às baratas,
aos ratos.
Espero nunca mais voltar.
Que Deus me ajude.
Vou-me feliz
por sentir
que já não preciso
estar aqui.
Tenham uma boa tarde...
...
..
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