quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Epílogo

Não posso fugir
da minha sina,
ou do destino:
sou autêntico.
Não sou um personagem
de mim mesmo,
e nem sei qual a razão
de tudo isso,
o porquê escrevi,
ou o porquê me expus...
Talvez queria deixar
um relato
ou um retrato
e nem sei qual
a relação
entre estas
duas
palavras
mas pelo menos
rimaram,
talvez queria deixar
uma carta suicida
disfarçada de blog,
mas não suicidei-me,
vejo-me, ainda,
e sinto-me aqui,
vivo,
Graças a Deus.
Viraram-se as páginas,
surgiram horizontes.
Fora isto,
estou enfadado
de falar de mim mesmo.
Aos que vieram,
aos que estão aqui,
e aos que ainda virão,
passeiem a vontade
no parque
das artes
grotescas.
Bebam as linhas explícitas
e chafurdem na lama
até encontrar as entrelinhas
que na verdade
deveriam ser tão ou mais
explícitas
que as próprias linhas.
Já não cobro interpretações
nem entendimentos,
pois eu mesmo busquei
as extremidades das
conexões
e descobri que elas
conectam
nada a coisa nenhuma.
Que coisa besta, esta enfermidade:
bipolaridade...
Aos que buscam informações
técnicas,
características
de bipolares,
anotem aí:
bipolares são famosos
por abortarem projetos,
abandoná-los,
com a mesma convicção
que iniciaram-nos.
No início tudo é
motivação,
obsessão
febril,
e no fim
(que sempre vem antes do fim)
tudo é tédio,
repulsa,
enfado,
desmotivação...
Irei, irei...
e ficam no ar
todos os porquês,
todas as interrogações,
mas fica um consolo
aos que vieram aqui
(tentar) interagir
com um bipolar:
se conseguisse terminar
um projeto,
fosse ele um projeto qualquer,
nem de longe seria
um verdadeiro
bipolar.
Não deletarei o blog.
Aos que quiserem voltar,
fiquem a vontade,
se não vierem os técnicos,
estudantes,
curiosos,
que fique,
então,
o blog,
às traças,
às moscas,
às baratas,
aos ratos.
Espero nunca mais voltar.
Que Deus me ajude.
Vou-me feliz
por sentir
que já não preciso
estar aqui.
Tenham uma boa tarde...
...
..
.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Qual de mim sou eu...?

Aqui, o poeta
não é simplesmente
um gênio do conhecimento
dos sentimentos humanos;
na verdade,
não há gênio
(e nem conhecimento),
o que se passa
é que não passo
a palavra
a personagens,
nem empresto a voz
a ilustres heterônimos:
dividem-se, em mim,
dois pólos,
que não se comunicam,
não dividem o espaço;
cada um,
a seu tempo,
preenche-o completamente,
assenhoreiam-se,
dominam-no,
como se não tivera
outro dono.
São pólos inconciliáveis,
incomunicáveis,
incompatíveis de gênio.
Senhores de si
e as vezes de mim,
confundem-me,
são cheios de razões.
Não sei o que sou,
são parasitas...
alimentam-se
da minha consciência
e só percebo
que não são eu
quando se vão,
mas... alternam-se
tão rapidamente
que nem tenho tempo
de ser eu mesmo...
Eu? Desculpem-me:
quem sou eu...?
Não sei...
Só sei que não sou eles
(mas também não sou eu...)
pois no curto espaço
de tempo
em que se ausentam,
sou apenas
o vácuo,
vazio absoluto...
Deus, olha pra mim...
e cura-me!
antes que julguem-me,
e condenem-me...
porque
ninguém
irá
exorcizar
o que não são
possessões,
mas dualidades:
euforia e medo...

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Será que vale a pena...?

Tristeza...
sensação de vazio,
frustração...
Estado atual?
DESMOTIVADO.
Como é possível???
Tanto tempo dedicado à mira
e não atingimos o alvo...
o(s) alvo(s) é/são a(s) mente(s),
nos corredores, as estantes,
dos cérebros alheios,
o cerne do conhecimento
absorvido,
assimilado,
mas...
absorveram?
Assimilaram?
Aparentemente,
as confissões,
esquemas,
fórmulas
e súplicas
da mente
foram interessantes,
diferentes,
belas,
angustiantes,
aplaudidas,
elogiadas,
mas,
fora isso,
na essência,
foram mero recreio,
um simples jogo
de palavras
que giravam no carrossel,
pulavam amarelinha,
brincavam de pega-pega,
encaixavam-se como lego,
cantavam cantigas de roda,
ah...
pobres palavras...
que são vistas
e lidas
mas não entendidas,
como se fossem
mudas,
como se não fossem
palavras,
como se não houvesse
nada a dizer,
como se fizessem parte
de outra convenção,
de comunicação,
ou expressassem
a mais primitiva forma
de interação
humana...
vão-se,
incompreendidas,
frustradas...
frustradas porque
descomplicaram-se,
simplificaram-se,
abriram mão
dos termos técnicos,
do exibicionismo
verbal,
despiram-se
da capa intelectual,
para tornarem-se
compreensíveis
até mesmo
aos que estão
no mais baixo nível
da escala
sócio-humano-cultural.
Mas, fazer o quê...
seres humanos são complicados,
porque interessam-se,
somente,
ou quase sempre,
pelo complicado.
O simples não interessa,
porque, aparentemente,
não acrescenta nada...
passa-se desapercebido,
e não é intencional,
do homem,
percebe-se...
creio ser automático
ignorar os dados simples,
talvez seja regra
do programa
que já vem gravado
de fábrica,
ou seja,
na rom,
ou read-only memory,
ou memória somente de leitura:
"não perca tempo com o básico",
ou "ignore o básico",
ou "invista no complexo para
desvendar os mecanismos do universo",
ou "não pense fácil, não deixe-se
deslumbrar pelo simples, enfim,
sua toupeira, não atrase
a evolução dos conhecimentos
humanos, globais, universais"
Digo memória de fábrica,
porque, acredito, sim,
que haja,
uma pré-programação,
ainda que básica,
visto que o homem
novo,
novíssimo,
falo do recém-nascido,
quando livre
da placenta,
e sem (aparentemente),
nenhuma consciência,
sem que alguém lhe ensine,
após sorver e expirar
o primeiro ar,
de olhos fechados,
já busca, com a boca,
onde está o bico
do seio,
sua nova fonte
de alimentos, e
por conseqüência,
de vida.
A ciência chama isso
de instinto,
e eu chamo de
um
entre tantos
outros milagres
de Deus
que estão por aí,
para quem queira
ou não queira
ver...
Mas, pobre de mim,
estou péssimo...
não adiantou o chá
medicinal
como terapia alternativa
para tentar acalmar-me...
não bastou o remédio
para controlar a depressão
e nem o tarja preta,
em conjunto,
para evitar o pânico
e ansiedade:
era necessário algo
para conseguir
controlar
o surto de violência
tão inconveniente
que faz com que desejemos
que nada ou ninguém
cruze nosso caminho
quando brigamos
com vozes
e imagens
que não existem,
com pessoas
que não estão
diante de nós,
e nesta hora,
a mente treme
de medo,
pois inspiramos terror
até mesmo
aos nossos pensamentos,
mas... não encontrei as pessoas
objetos do meu delírio,
e, sozinho,
no meu abrigo temporário (emprestado),
consegui não explodir o ódio
através de um soco
no móvel, que jazia,
imóvel,
diante de mim,
frio, gelado, de medo...:
um refrigerador, duplex, branco, bi-volt, até bonito...
e consegui, numa fração de segundo,
desviar o soco, mas lançar,
com força, um molho de chaves,
que trazia na mão,
contra o pobre violão
que não pode fugir.
Coitado...
sem capa,
o ventre exposto,
pendurado por um barbante,
na parede,
como um condenado,
esperando ser metralhado,
e foi...
se algum time de baseball
descobrir-me,
nascerá
um grande arremessador:
trincou a madeira
do tampo,
ficaram marcas
que jamais sumirão.
Com um pequeno esforço
da mão
a madeira voltou
ao lugar,
mas ficará, na madeira,
a cicatriz
que fará, sempre,
lembrar-me
da fúria irracional.
Pobre violão...
amigo, companheiro de calabouço,
outra forma de extravasar,
além das palavras
escritas,
as angustias que sinto.
Não lembro-me do autor,
e não estou com paciência para pesquisar,
ainda que com poucos cliques
conseguiria o(s) nome(s),
mas, lembro-me
que um dia li
a letra de um belo trecho
de poema
que era cantado pelos antigos,
referindo-se ao instrumento
violão:
"De tanto roçar meu peito
Tens hoje o timbre perfeito
Da voz do meu coração".
Ah...
pobre amigo violão...
está lá, no seu lugar...
observando-me, terno,
como se fosse-lhe
o mais fiel dos amigos,
fita-me
como um cãozinho leal,
atento,
a espera de um simples gesto
para demonstrar-me afeto,
mas... não...
não irei a ele, agora,
tenho vergonha:
vergonha de mim mesmo.
Diante dele,
sinto-me indigno,
demorará alguns dias
até que venha a coragem
de dedilhar suas cordas.
Que pena...
O ódio infundado derreteu meu fígado,
a bíles fundiu-se as palavras
que, tão ácidas, corrosivas,
radioativas,
derretem o teclado,
a mesa, o computador,
e, talvez,
as amizades...
e vejo-me, aqui,
sem coragem
para nada,
sem a coragem,
ao menos, momentânea,
para explicar
ou tentar explicar
o porquê
ou o porquê dos porquês,
como já me comprometi...
sem a coragem necessária,
para fazer revisões,
como sempre fiz,
em cada texto que escrevi,
aplicando estas malditas
regras ortográficas-gramaticais
de "porque", "por que" e "porquê",
enfim,
não entendo o porquê
de tantos porquês
não se resumirem num único porque...
e todas as demais,
regras,
que,
se,
num momento,
são uma terapia,
e faz-se por prazer,
todavia, nesta hora
são um fardo,
um peso,
doem-me demais,
por já não estarem,
ou não entrarem,
mais,
nos restos mortais
do meu
cérebro,
mas...
por favor,
voltem...
vou tomar outro chá...
talvez amanhã
esteja melhor...
Pelo amor de Deus:
não me abandonem,
desculpem-me pelo texto,
mas não o apagarei,
fará parte do manuscrito,
a ser encontrado
no meu pós-morte,
o qual será lido,
e o mundo todo saberá,
que houve um homem na terra
que tinha muito a dizer,
mas,
que,
enquanto vivo,
não falou absolutamente
nada,
mas que, após sua morte,
através dos seus escritos,
fez muito, muito,
barulho
mas não falou,
absolutamente,
porcaria nenhuma...
...
fui
...
..
.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Bipolar ou Multipolar...?

O termo bipolar foi adotado pela medicina para rotular um mal conhecido como psicose maníaco depressiva, uma doença do cérebro. A nova denominação, sem dúvida, ficou muito mais bonita, porém, acarreta um problema: bipolar é um termo extremamente abrangente, para definir opostos, contrastes, pares, tanto que, antes mesmo de utilizar-se o termo "bipolar", um derivado desta palavra já era largamente utilizado, pela sua facilidade de assimilação: "bipolarização".

Utilizaram-na muito (a palavra) no período histórico conhecido como guerra fria em frases do tipo "bipolarização do mundo" para ilustrar a divisão do mundo em dois blocos: capitalista e socialista, ou seja, dois pólos. Podemos dizer sem medo de errar que um imã é bipolar, pois apresenta dois pólos: positivo e negativo. Mesmo sem guerra fria o mundo continua sendo bipolar: pólo norte e pólo sul. Até mesmo o cérebro, doente ou saudável, apresenta dois pólos: direito e esquerdo, criativo e analítico. Neste sentido, somos todos bipolares? É lógico que somos! corpo físico e abstrato, carne e espírito. Computadores são bipolares: hardware e software. Bom, bipolar encaixa-se em tudo, até numa receita de bolo, acredito. É uma palavra, talvez, tão indefinida (ou definida demais...), que por isso mesmo utiliza-se facilmente para definir qualquer coisa: tudo que tiver um par, um oposto, ou absolutamente qualquer motivo ou desculpa que encontrarmos para utilizá-la. Nada escapa, olhe para os lados, com cuidado, existe uma conspiração: tudo que te cerca é bipolar! (olhei agora para meu celular, sempre vi-o inocente mas acabei de desmascará-lo: o infeliz é bipolar... e sou participante disto, acreditam??? ao carregar ou não sua bateria, eu mesmo defino seus dois pólos: carregado ou descarregado (bateria) e através da tecla on/off defino os pólos ligado ou desligado...)

Bom, entendendo-se desta maneira, o termo bipolar é um fenômeno único na nossa linguagem pelo que citei no texto acima, por ser utilizado como um "coringa verbal" para rotular qualquer comportamento, por mais comum ou absurdo que seja.

Uma palavra, para ter seu sentido alterado precisa de décadas e décadas, atravessar gerações e gerações, mas (o que direi a seguir, acontece com apenas uma palavra, entre milhares) a palavra bipolar, vejam, nasceu tão abrangente no seu sentido que deveria deixar de ser "bi" para ser "multi". A intenção da palavra até que foi boa, quis ajudar a tudo e a todos, quis explicar toda e qualquer coisa, e, por isso mesmo, mal nasceu e não suportou a carga, acabou explodindo (coitada), querendo explicar tudo, mas na verdade não explicando nada...

Bom, agora para falar sobre bipolar, ou o que deveria ser a bipolaridade, como doença, dentro dos termos médicos, creio que ninguém conseguirá, realmente explicar com palavras, o que é ser bipolar. Mas quem quiser "googar" ...
(viva a capacidade criativa verbal social, eis aí, logo acima, a palavra que surgiu da necessidade ou do mero comodismo, da preguiça de folhear pesados e burocráticos dicionários, pois, como diriam os poetas do agreste, heróis da poesia popular:

"se nóis num sabi
nóis invênta,
nóis só num fica
sem si ixpressá,
fais parti
da nossa
capacidade
di si comunicá!")

mas voltemos ao assunto: quem quiser "googar" o termo bipolar ou bipolaridade, entre tantos sites e blogs, verá que existe, atualmente, um desconforto tanto entre médicos como pacientes psiquiátricos, ou mesmo dos que enfrentam chiliques daqueles que justificam-se dizendo: "desculpe-me, é que sou bipolar"... e o desconforto é, justamente, pela perda da definição daquele que deveria ser um termo médico... mas... sinceramente? Não vejo problema nenhum que os jovens e adultos, enfim, a nossa sociedade como um todo, tomem para si essa palavra até bonita, "bipolar", porque ela é moderna, legal, cool, encaixa-se perfeitamente em qualquer assunto e conversa dos nossos círculos sociais, e não explica nada, mas pelo menos ilustra tão bem, as nossas dualidades, e também os atos racionais e irracionais que surgem conforme a razão, a falta dela, ou até mesmo pela simples conveniência do momento, em que podemos ter atitudes ambíguas. O melhor, mesmo, é deixar o termo bipolar como domínio público para esta juventude bonita. Se encaixará, perfeitamente, ao convívio deles (jovens), pois bipolar é uma palavra também bonita, tanto quanto eles. Fiquem, então, os belos com os belos, e que os psiquiatras utilizem termos e nomes horríveis, como sempre fizeram, para essas doenças mentais que também são horríveis, e no final vai dar tudo certo. Bye.

(Obs: Esse texto foi criado apenas para uma finalidade estética, para preencher um espaço em branco na coluna vertical deste blog, um vazio que incomodava, e surgiu sem pretensões, porém, falou bonito, e, por isso, como prêmio, está sendo replicado, agora, na forma de um post. Fui).

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O diagnóstico do rato: O porquê dos porquês - Parte 1

No post anterior referente a saga do rato de laboratório, que se encontra no link
    
me comprometi a voltar e explicar o porquê dos porquês.
  
A intenção inicial era explicar os três pontos do diagnóstico em apenas um post, mas, para delimitar confortavelmente cada um dos porquês, ainda que os três estão interligados, julguei melhor criar três novos posts, um para cada explicação.
  
Bom, como sou adepto do princípio de que o melhor ponto para iniciar-se uma conversa é justamente, e sempre, pelo início, comecemos, então, pelo começo:
  
Este é o resumo da aplicação do item 1 (conforme o texto do post anterior):
  
1. Ignore tudo que ela falou durante a crise de pânico.
  
"Ao voltar para casa, entre com uma expressão normal no rosto, como se não tivessem discutido ou brigado no dia anterior, e depois de alguns minutos, olhando com uma expressão normal e num tom de voz calmo e indiferente, pergunte alguma coisa banal, do tipo "Aquelas bolachinhas de leite acabaram ou sobraram algumas?". Após ela responder normalmente, esta ou alguma outra pergunta banal, feita depois de algum tempo, continue agindo como se não tivessem brigado em nenhum momento, e, sem encará-la diretamente, demonstre na expressão do rosto que não existem lembranças do que conversaram no dia anterior".
  
Bom, funcionou, maravilha. Mas... porquê funcionou??? Vamos lá...
  
Uma pessoa em estado de pânico não consegue refrear seus medos e nem ao menos entender expressões ou intenções alheias, por melhores que sejam. Não vale, em hipótese alguma, querer argumentar ou fazer uma pessoa em pânico entender alguma coisa. Você pode sorrir para quem está em pânico, abraçar, explicar-lhe suas razões, falar num tom suave e açucarado, dramatizar, oferecer brindes, mostrar slides, cantar parabéns a você, dar uma caixa de bombons e um ursinho de pelúcia, tudo com a melhor intenção do mundo, mas não conseguirá nenhum resultado positivo, pois existe um problema crucial que lhe impedirá de alcançar seu objetivo. Digo isto porque tudo o que uma pessoa normal faz para tentar controlar alguém que está em estado de pânico se resume em: tentar fazê-lo raciocinar, voltar a pensar corretamente, certo? E todo mundo sabe disso, que é necessário redirecionar a forma de pensar do doente mental, e... bom... desculpem-me... estou batendo no óbvio... porque, quem não sabe ??? Qualquer pessoa deste mundo, mesmo com um mínimo de inteligência, sabe que para trazer alguém de volta à realidade basta fazê-lo(a) pensar corretamente, e todo nós temos uma receita para isso, seja uma receita caseira ou acadêmica, que se baseia em técnicas de concentração, de meditação zen, ou força de vontade, ou auto-conhecimento, etc., etc., enfim, tudo que aprendeu-se lendo livros de auto-ajuda, ou qualquer livro, curso, palestra ou conselho que propõem-se a desvendar a psique humana, ou mesmo naquele cursinho de primeiros socorros que foi ministrado aos funcionários da sua empresa, ou, até mesmo, sem base nenhuma, simplesmente aproveitando-se da oportunidade para satisfazer seu próprio ego, realizando um desejo oculto, como diria Freud, reprimido desde a infância (coitado do Freud, ele não tem nada a ver com o que estou escrevendo...) de ser reconhecido como um ser elevado com poderes sobrenaturais que consegue consertar mentes, entortar garfos, desentupir pias e exterminar pragas de piolhos e carrapatos... bom, mas, independente do método, o importante é conseguir, através de argumentações sábias e precisas, fazer o doente pensar com clareza, novamente, Correto? Bom, te peguei... é aqui que mora o problema: PENSAR. O que o doente mental bipolar mais deseja na vida, neste momento, e é o que está mais distante dele, é justamente PENSAR. Ele já visualiza uma seqüência de desgraças diante de si simplesmente porque os impulsos agressivos vem e ele não consegue refreá-los. Ele sabe que está sendo altamente destrutivo, sem medir conseqüências, sem preservar posses, ou bens, ou emprego, ou relacionamentos, e nem a si mesmo.
  
E a cada (falsa) agressão que sofre, sente descargas elétricas e/ou hormonais no seu corpo, que inflam o cérebro numa fração de segundo, como se todo o sangue do corpo quisesse morar no cérebro, e descarrega através de palavras as suas neuroses violentas, e ele está isolado dentro de si, perdido em si, é verdade, mas, escute isso, por favor: ainda que pareça que  expressa seus verdadeiros sentimentos e pansamentos, ele não vê-se como o ser raivoso que pisoteia os incautos que atravessam seu caminho, ele não tem tempo para concordar ou discordar com as palavras que profere (e fere), porque no mesmo tempo em que explode sua violência, está procurando dentro de si os controles, os fios, os comandos que lhe devolvam a autonomia do corpo, e este esforço é tão grande que só consegue minar ainda mais seu estado caótico e elevá-lo a picos de maior descontrole e violência. Mas, veja que interessante, dentro do(a) violento(a) existe uma consciência paralela que conversa alto consigo mesmo(a), dizendo o que, na verdade, gostaria de estar falando ao seu interlocutor: por favor...! Para de falar...! Me ajuda...! Apenas se cale...! Meu Deus...! Eu não consigo parar...! Aonde está o meu freio...
  
Bom, eu falei que, nesta hora não valem argumentações nenhuma, correto? Que não vale tentar fazer o doente mental em pânico raciocinar normalmente, certo? E sabe porque?
  
Agora, uma pausa. Respire um pouco... outra pausa... agora vamos: na verdade, no que se refere a este primeiro item do diagnóstico do rato de laboratório, este é o porquê do porquê do porquê do porquê do porquê do porquê do porquê do porquê do porquê do porquê do porquê do porquê do porquê.
  
Isso já foi falado, discutido, ensinado, doutrinado, apregoado aos quatro cantos da web e do mundo, mas parece-se um detalhe tão insignificante que aparentemente nem merece atenção, porém, esta é a base para qualquer terapia a ser aplicada em pessoas durante crises de depressão profunda e de pânico: depressão e pânico de bipolares são diferentes da depressão e pânico clássicos, se é que podemos chamá-los assim.
  
Bom, como isso já foi tão bem apregoado e mesmo assim tão facilmente esquecido e/ou ignorado, acredito não ter problema nenhum repetir novamente: depressão e pânico de bipolares são diferentes da depressão e pânico clássicos.
  
E qual a diferença entre uma coisa e outra? (calma, calma, não me apresse, eu nem te traria até este ponto se não houvesse a intenção de explanar estas diferenças, não me olhe com este olhar de cobrança por que já estou começando a sentir umas descargas elétricas na cabeça...bom, vamos lá...)
     
O estopim da depressão clássica é:
     
- Sensação de perda, de separação, de solidão, de frustração, uma angústia proveniente de um fato, ou seja, um fato angustiante ocorreu e esta sensação de angustia prolonga-se por um bom tempo. Esta angustia persistente é, por si, o estado de depressão clássica.
     
O estopim da depressão bipolar é:
     
- O paciente bipolar está feliz da vida, normal, rindo bastante, produtivo, cheio de projetos, e de repente, tendo percebido ou não, ocorre uma reação no seu cérebro, uma alteração química, e o cérebro simplesmente para de funcionar normalmente, e, após alguns momentos de confusão mental crescente, e de problemas de coordenação motora, não consegue mais pensar, ou melhor, pensa o que quer, vai solto que é uma maravilha, e o coitado do proprietário do corpo sente-se como aquele cidadão que vai passear no sábado no shopping Center e vai todo bonito, arrumadinho, mas não tem nenhuma moeda no bolso para colocar crédito nas máquinas de diversões eletrônicas, então fica fingindo que tá dirigindo o carrinho de fórmula um, mas o que ocorre na tela é só a demonstração do jogo, do programa, e o carrinho, na verdade, vai para onde quer, independente da bela encenação daquele que gira freneticamente o volante, fingindo que tem o controle do carrinho (mas não tem, absolutamente, controle nenhum...)
     
Antes de continuar: comecei falando de pânico e terminei falando de depressão, não é mesmo? Explico: o meu foco aqui são os bipolares, e raramente a depressão de um bipolar não termina em pânico, em escala maior ou menor. A própria sensação de perda de controle da mente, e, por conseqüência, do corpo, já desencadeia a depressão, e, após alguns momentos, junta-se à depressão o medo de nunca mais voltar ao estado da normalidade, e isto já gera o pânico ou começo do pânico. Resumindo, a simples alteração química do cérebro, sem nenhuma ajuda exterior, tem o poder de iniciar os processos de depressão e pânico, sem que haja um motivo real para isto. Agora, é lógico, se no contexto do momento atual em que vive o doente mental existe um motivo que possa elevar até mesmo uma pessoa com saúde mental plena a um estado de angustia extrema, então, neste caso, a depressão e o pânico do bipolar são elevados ao estado da perfeição, ao estado de arte pura, suprema.
  
Agora, para me redimir (não quero ser injusto), peço perdão a todos, acadêmicos ou não, que utilizam métodos que visam "calibrar" os pensamentos daqueles que estão atravessando estados de depressão ou pânico: a forma como me expressei anteriormente pode ter parecido irônica, sarcástica, mas, na verdade, todas as terapias que trabalham a nível de direcionar pensamento são válidas, com certeza, mas apenas para os que estão sob o estado de depressão ou pânico clássicos, e não bipolares. Para explicar o porquê, tenho que voltar ao porquê do porquê: deprimidos clássicos PENSAM; deprimidos bipolares NÃO PENSAM. Deprimidos clássicos podem mudar o foco de pensamento, se forem ajudados neste sentido. Agora, se você quiser torturar um bipolar durante uma crise, a coisa mais cruel que pode fazer é olhar-lhe dentro dos olhos e dizer: pense.
  
A aplicação prática deste conceito, no caso real citado no post anterior (no link informado no início deste post) deu certo. Inquestionável. E poderia ter dado errado? Hãm?... o quê???... é... peraí... bem... é.... como explico? É... é... PODERIA!!! EU CONFESSO...!!! PODERIA TER DADO ERRADO, SIM!!!!!!... Na verdade, só deu certo porque ela já estava entrando na fase pós-pânico, que chama-se: culpa e vergonha... não daria certo se ela estivesse no ápice da crise de pânico pois neste momento se ele a ignorasse, até isso, ser ignorada, receberia como uma forma de afronta e ataque (eu nunca falei que era fácil conviver com um bipolar...)
  
Ok, ok, mas, estamos num jogo de xadrez... se esta jogada não desse certo, estaríamos, então, em check? Não haveria um plano de fuga? Um plano B? É elementar, meu caro, que haveria, sim, um plano. Ou uma pequena mudança de estratégia. Mudança? Hum... não, não... não há mudança e nem um segundo plano, na verdade isto também já faz parte da estratégia: Caso seu silêncio e/ou aparente indiferença joguem gasolina na fogueira, aborte o primeiro item e vá direto para o segundo item do diagnóstico do rato:
  
2. Trate-a como um doente, dirija-se a ela da mesma maneira que um médico dirige-se a um paciente.
  
Ora, ora, tratar como doente uma pessoa que está totalmente descontrolada sem correr o risco de ofende-la???
  
Polêmico. Complicado, não? Mas tem uma lógica. Profunda. Tem um porquê. E vou explicar o porquê do porquê no próximo post da trajetória do rato que se chamará:
  
O diagnóstico do rato: O porquê dos porquês - Parte 2
Até lá.
  
Fiquem com Deus.
  
   

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Reação...

Não quero ficar assim,
para sempre...
Gritaria ao corpo:
"Atenção! É hora de reagir!"
e isto, por si, já seria reação
mas, reação, é a última coisa
que encontraria, agora, em mim
Como mover-me?
queria encontrar
meu controle remoto
ou ser o artista, escondido,
que ministra os fios do boneco
do teatro de marionetes
Que leveza, a do boneco!
Que inveja dos seus movimentos!
Não são voluntários, mas move-se!
Não tem movimentos próprios,
reconheço,
mas tem quem o movimente!
E este é meu sonho
de consumo daquilo
que me consome
neste momento:
movimentar-me...
Não lamento isto
como o caos universal
ou como se fosse o mais
infeliz dos mortais.
Não posso dizer isso,
Deus não merece ouvir
isso
de mim,
porque tenho sorte,
alterno estados:
deito, levanto,
choro, me alegro,
calo, falo,
apaga-se a luz,
ascende-se a luz,
raciocino, travo,
movimento-me, paro,
sou um ser pensante,
sou uma ameba,
mas neste liga, desliga,
ascende, apaga,
tenho a felicidade de
poder viver, experimentar
momentos de alegria extrema
e doeu-me a consciência,
agora,
no meio deste
texto-lamento-poema-justificativa
reação-desejo de reação-divagação
ou sei lá, o que é
o que seja,
se é que é alguma coisa,
mas...
pelo menos estão vendo-me
de longe,
pensando que estou
trabalhando,
porque o barulho
dos dedos batendo
nas teclas
é alto, frenético,
sugere que
estou sendo produtivo,
o que é uma beleza.
Mas vão-se, assim,
os dedos,
bailando sobre o teclado,
porém, queria, mesmo,
era levantar-me...
doem-me as costas,
a coluna,
três horas e meia
sentado,
na mesma posição,
olhando para a tela,
olhos estalados,
dormência sem sono,
mente apagada,
e o gerente
do corpo, que,
coitado, ele mesmo
já velho e cansado,
doente, precisando de cuidados,
acordou com o sinal fraco
que veio pela rede neural
e, já (semi) acordado,
com recursos rudimentares,
imprimiu
um relatório meia-boca
e identificou o
(possível novo) problema:
dor na coluna cervical,
região lombar,
próximo a bacia.
E agora esse pobre
órgão chamado cérebro,
que já está até cinza,
coitado, de tão velho
(tudo bem, tudo bem,
sempre foi cinza,
mas agora está, pelo menos,
um pouquinho mais escuro,
pode ser...?)
nas pequenas pausas,
entre tosses e espasmos
de suas crises asmáticas,
sua voz rouca e cansada,
tenta mover o corpo
como um todo,
antes que o sinal de aviso
da coluna
torne-se um (novo)
mal irreversível.
E envia
seus comandos:
-"Corpo, mova-se...!"
-"Corpo, levante-se..(arfh..!) (cof!)(cof!)..."
-"Vá tomar uma água..!"
-"Vá ao sanitário, estique as pernas...(arfhh!)..."
Comandos...
bom.. (...)
valorizei muito
a boa vontade do cérebro
ao dizer que envia "comandos"...
pobre coitado,
não delega funções
pois já não manda: pede.
O tom de sua voz
não é de quem ordena,
mas pede favores,
suplica...
Bom... mesmo assim,
me vi feliz
no ato de escrever
tudo isso aqui,
porque vamos assim,
uma hora não vamos,
e outra hora vamos,
mesmo que no tranco,
e outra hora, ainda,
vamos como se
nunca tivéssemos
deixado de ir.
Mas posso dizer: sou feliz.
Pois lembrei-me nesta hora
dos deitados e/ou sentados
permanentemente,
dos que nunca levantaram-se
ou já andaram, mas, (clinicamente)
jamais andarão novamente...
e assistidos pela mão de terceiros
vão-se, quando muito,
empurrados ou empurrando-se
a si mesmos
em muletas
ou cadeiras-de-rodas.
Eu queria, agora, ser
um ser
abstrato
e poder encontrá-los,
ao mesmo tempo,
na beira de cada leito
e cobri-los, a todos, com um beijo
Mas...
não posso,
sou humano,
preso ao meu espaço,
preso ao meu tempo...
Mas, quem me dera...
que essa Áurea Celeste
que já me ouviu,
que estou sentindo-O tão
próximo de mim,
que já salvou-me tantas vezes...
possa encontrar, agora
e envolver
com seu amor,
cada um que traz
dentro de si,
um gemido,
mesmo que
contido,
calado,
escondido...
Já volto,
vou esticar as pernas e beber uma água...

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Diagnóstico feito pelo rato de laboratório - Teoria aplicada a um caso real


Os nomes e identidades serão preservados, vou chamá-los de Senhor X e Senhora Y, mas o relato a seguir é sobre um caso real, algo que eu queria falar desde que criei este blog, mas não encontrava a forma, a maneira de expressar-me. Peço a atenção, principalmente dos familiares de pacientes bipolares.

GPS

De algum lugar que não vem ao caso, no Brasil, onde resido.


A visita

Certa manhã cheguei a casa de uma família que conheço já há um bom tempo, entrei a convite do meu amigo que recebeu-me como de costume, porém a sua esposa não respondeu minha saudação e retirou-se para outro local da casa.


Perfil do casal

Ele, o senhor X, mente sã, cheio de projetos, preocupado com sua carreira profissional.
Ela, a senhora Y, bipolar, crises constantes de depressão e pânico, tratamento interrompido para ajustes do orçamento doméstico.


O clima (aparente)

Enquanto conversávamos, ele manteve-se estável, tomamos café, falamos sobre projetos, mas, após alguns minutos de silêncio, ele disse-me que daria uma volta de carro pela cidade, se eu poderia acompanhá-lo, pois havia algo que queria falar-me.


O clima (real)

Após estacionar o veículo em um local tranquilo, confidenciou-me que havia discutido com sua mulher naquela noite, que não existiam mais condições de se relacionarem, arrumou suas malas durante a madrugada e avisou a mulher e os filhos que estava abandonando a casa, pegaria o carro com suas roupas e iria embora para a capital, visto que lá localizava-se seu local de trabalho atual. Aliás, já era uma rotina, pelo motivo de trabalho, ausentar-se da sua casa por três, quatro ou até cindo dias consecutivos por semana. Conversaram pela última vez antes de dormirem, acordaram os dois com o semblante fechado, tensos, ofendidos, sem se olharem nos olhos e sem dirigirem a palavra um ao outro em nenhum momento, ele resoluto a ir embora, ela resoluta em deixá-lo ir, tendo os dois encerrado o assunto, ele partiria naquela manhã, provavelmente já teria partido se eu não tivesse chegado logo cedo naquela casa.


Os motivos da separação anunciada

Ela é do contra, segundo ele, e vem sendo do contra há um bom tempo, nada a deixa feliz. Ela queria que ele saísse do antigo trabalho para voltarem a residir na capital. Quando ele finalmente demitiu-se do trabalho, ela se desesperou e discutiu dizendo que ele não poderia ter saído do trabalho, e disse que jamais voltaria para a capital porque ouviu falar da onda de violência que estava por lá. Decidiram, então, continuar residindo na mesma cidade, porém ele não conseguir trabalho na cidade em que residiam, o emprego que lhe ofereceram era na capital, e ele tinha que viajar e ficar de três a quatro dias por lá, trabalhando de dia e a noite, dormindo na casa de familiares, e voltando para ficar apenas uns poucos dias durante a semana com a família. Desta vez ela quer que ele abandone o trabalho na capital e fique a semana inteira com a família, mesmo sem ele ter (pelo menos naquela data), uma oportunidade de emprego na cidade da sua residência, e não ter nenhuma outra fonte de renda.


Os motivos para ele pedir conselhos a um rato

Havíamos trabalhado juntos há algum tempo, na mesma empresa, mesmo ofício, mesma sala, e tivemos alguns problemas de relacionamento na época porque eu era bipolar e ele não acreditava que minha doença era real, devido ao fato de que haviam dias em que eu não conseguia produzir ou comunicar-me mas em outros dias eu me comunicava e trabalhava normalmente. Ele tratava-me como se minha doença fosse uma farsa e, nos dias em que eu estava sob crise de pânico, ele investia sobre mim, criando situações de pressão, como se quisesse acabar com meu "teatro". Nos dias que eu estava bem eu tentava explicar que havia um problema real, que eu alternava estes dois estados, que durante as crises de pânico eu perdia o discernimento, ficava sem expressões no rosto, não conseguia entender o que acontecia ao meu redor e nem fazer-me entender, ele apenas ouvia-me e dava meio sorriso como se o que eu falasse não merecesse atenção. Um dia ele chegou no trabalho (eu estava tendo uma crise de pânico muito forte) e a expressão no rosto dele foi diferente comigo, não havia mais aquele sorriso irônico, olhava para mim como olha-se para alguém que precisa de ajuda e foi paciente comigo até que terminasse aquela crise (que durou mais ou menos três dias). Não perguntei para ele o porque daquela mudança de tratamento (para melhor) com a minha pessoa, mas depois de alguns dias entendi: a esposa dele foi diagnosticada como bipolar, a mesma enfermidade que eu tinha (e não sabia), e ele percebeu que eu tentava explicar-lhe as mesmas coisas "absurdas" que ela tentava explicar-lhe, a respeito de estados mentais que não podíamos controlá-los. Já não trabalhávamos mais juntos, mas mantemos a amizade, e agora ali, dentro do carro, ele desabafou comigo e esperava para ver o que eu diria a respeito daquele impasse com relação a enfermidade da esposa dele, o que eu tinha a dizer, se realmente o caso deles era insolúvel, se a separação era mesmo irreversível.


O diagnóstico do rato

Seguem os três itens da receita do rato para reverter aquela situação:

1. Ignore tudo o que ela falou durante a crise de pânico.

Ao voltar para sua casa, entre com uma expressão normal no rosto, como se não tivessem discutido ou brigado no dia anterior, e depois de alguns minutos, olhando com uma expressão normal e num tom de voz calmo e indiferente, pergunte alguma coisa banal, do tipo "Aquelas bolachinhas de leite acabaram ou sobraram algumas?". Após ela responder normalmente, esta ou alguma outra pergunta banal, feita depois de algum tempo, continue agindo como se não tivessem brigado em nenhum momento, e, sem encará-la diretamente, demostre na expressão do rosto que não existem lembranças do que conversaram no dia anterior.

2. Trate-a como um doente, dirija-se a ela da mesma maneira que um médico dirige-se a um paciente.

Depois de algum tempo, diga-lhe que considerou tudo que foi dito, que a preocupação dela é a mesma que a sua: família, filhos, e, realmente, as preocupações fazem sentido, mas vai esperar mais um dia, ou dois, para decidirem juntos, o que farão, que não irá força-la, agora, a deixará tranquila, descansando a cabeça, porque desde a manhã do dia anterior, pela expressão no rosto, percebeu que ela não estava bem, que iniciava-se uma crise, por isso vai deixá-la tranquila,  conversando apenas quando ela quiser, e deixando-a só e quieta, caso ela assim preferir.

3. Concorde com ela, dizendo que vai fazer tudo que ela sugeriu durante a crise de pânico.

Em algum momento ela mesma vai sinalizar que já podem voltar ao assunto, no mesmo dia ou não. Então faça isto: concorde com ela! Diga que ela tem razão e que você vai fazer exatamente do jeito que ela sugeriu! Que abandonará o emprego na capital no outro dia e que vai ficar junto a sua família todos os dias da semana, porque a família é mais importante para você do que o emprego! (Detalhe: não pode ser num tom de deboche, você tem que fazer ela sentir que realmente está concordando com ela, que ela te fez enxergar a melhor escolha para a sua família). A partir deste momento o peso da responsabilidade vai cair sobre ela e, sob pânico, ela mesmo vai dizer, "mas aí nossos filhos vão passar fome, não pode sair do trabalho assim...", e você vai dizer, é mesmo você tem razão, então vamos fazer assim, você vai ficar bem, e nós vamos decidir isso junto, pesando os prós e contras de qualquer solução, e nós vamos fazer o que for melhor para nós e para os nossos filhos. Mas por enquanto eu quero que você só descansa a cabeça porque eu não vou fazer nada sem antes conversar e decidir junto com você, e não vou passar este peso de te obrigar a decidir alguma coisa enquanto sei que você não está bem.


O tempo decorrido para a definição do diagnóstico

O senhor X, expondo seu problema..: 1:00 hrs. (uma hora).
O rato, para expor seu diagnóstico...: 0:10 hrs. (dez minutos).


A teoria aplicada

Quando o sr. X voltou para casa, a sra. Y estava com uma cara de que mataria o primeiro que aparecesse na frente. O sr. X entrou em casa sem dirigir-lhe a palavra, porém com a expressão do rosto normal, como se não tivesse acontecido nada no dia anterior, e, depois de algum tempo, executou o primeiro item da receita do rato. Ela respondeu normalmente, e, na mesma hora, mudou o semblante tenso para um semblante de surpresa. Em seguida, ainda espantada, perguntou porque ele havia me chamado para dar uma volta de carro e ele respondeu que quis tomar alguns conselhos comigo. Ele, o sr. X, me confidenciou depois que, ao dar-lhe esta resposta, na mesma hora ela expressou um sorriso de esperança (engraçado, não sei se é coisa da nossa cabeça... mas tem hora que imaginamos que só mesmo um bipolar entende outro bipolar, ou, para ser mais global, só alguém que teve ou tem síndrome de pânico consegue entender o que se passa na cabeça de quem está em pânico...) Bom, os outros dois itens do diagnóstico do rato foram aplicados normalmente, ao seu tempo, e decorreram como o previsto, mas já neste primeiro momento posso afirmar que toda aquela crise familiar foi revertida cem por cento.


O tempo decorrido para reverter o caso (da teoria à prática)

00:05 hrs. (cinco minutos)

(ei, espere, considere isso: eu disse CINCO MINUTOS...)


Porque a teoria deu certo?

Legal, é aqui que eu queria chegar. Explicar o porquê dos porquês, não sob uma ótica médica, mas sob a ótica de quem está vivenciando este problema na prática, na pele. Não tenho teorias para a cura (se tivesse, aplicaria em mim mesmo), o que tenho na verdade é uma teoria para convivência, para reverter situações que dificultam o convívio com bipolares, ou mesmo com aqueles que não tem os dois pólos (euforia e depressão (com pânico)) mas que tem em comum a SÍNDROME DE PÂNICO.

O porquê dos porquês será explicado no próximo post (referente a trajetória do rato de laboratório) que terá o seguinte título:

"O porquê dos porquês - A conclusão e o fim da saga do rato de laboratório"

Até lá...

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Toda a trajetória do rato de laboratório, desde o início


Com a palavra, o rato de laboratório! (parte 1)



Sim, o rato vai falar! E, por que não, qual o problema? É lógico que o rato pode se manifestar! Concordo, ele não seguiu carreira acadêmica na área de psiquiatria, psicanálise, psicologia, medicina, e não podemos desprezar jamais o conhecimento de um médico. Concordo que o rato envolvido em um estudo ou experiência é apenas um rato, ele não tem a autoridade de um médico, MAS ELE TEM A AUTORIDADE DE SER O RATO UTILIZADO NA EXPERIÊNCIA! Ele e somente ele é o indivíduo objeto do estudo, correto? Bom, prossigamos: todo o conhecimento médico e científico obtido através de experiências com cobaias em laboratórios são frutos de muita paciência, persistência, observações, anotações, uma boa dose de intuição e o óbito de muitos ratos (puxa vida, doeu falar isso...) e, um estudo deste tipo pode demorar anos e anos e nem sempre chegar a um resultado satisfatório.

Agora, digo algo intrigante, pondere isto:


- O conhecimento dos profissionais da área médica-psiquiátrica é obtido através de:

cursos + experimentações + observações + hipóteses + troca de informações.


- O conhecimento do nosso indigente, o rato de laboratório, é obtido através de:

REAÇÕES BOAS, MÁS OU PÉSSIMAS QUE SENTE NA SUA PRÓPRIA PELE!

  
Agora, a pergunta que não quer calar: vamos imaginar que, um rato recebe o dom de falar, e, durante uma experiência em que um profissional de pesquisa científica já está há uma semana sem falar, sem comer, sem dormir, sem piscar, com os olhos vidrados observando o comportamento e reações de um rato que, só pra exemplificar, ingeriu drogas ainda não estudadas, caso o rato colocasse-se de pé e falasse "Ei, acabaram-se seus tempos de dúvidas e angústias, porque gosto muito de conversar e vou falar tudo que estou sentindo, com o máximo de detalhes possível. Posso imprimir relatórios, dramatizar, desenhar, criar ilustrações. Ah..., sim, caso queira algo mais profissional, leve-me a um computador e elaboro rapidamente uma apresentação no PowerPoint!".

Você acha que, neste caso, o rato seria mais útil e poderia abreviar o tempo necessário para a conclusão dos experimentos? Sim? Obrigado, é a deixa que eu esperava. Permita-me apresentar-me: sou o rato, a partir de agora falo na primeira pessoa, e tenho algo a dizer com relação a depressão e pânico de bipolares. Obrigado pelo silêncio que houve na sala. Aonde estão os meus óculos? Aqui. Deixa eu pegar minhas anotações... cadê... ok, vamos lá..

(acompanhe toda a saga do rato de laboratório, em ordem cronológica, nos links a seguir):







Último informe: o rato de laboratório foi visto em diversos lugares do mundo

Estamos, aqui novamente, o seu Repórter WEB Virtual Última Hora, ao vivo pra você, na sede da polícia federal. Fomos informados pelo delegado chefe que o rato de laboratório está se movimentando rapidamente como uma forma de dificultar o trabalho das polícias do Brasil e do mundo, que uniram-se num esforço para facilitar sua captura. Entre as últimas vezes que o rato de laboratório foi visto, podemos destacar:

1 - um cinegrafista amador registrou o momento em que o Bope invadiu uma das favelas do Rio de Janeiro e o rato de laboratório foi visto pulando sobre os telhados dos barracos com um fuzil AR-15 nas costas, fato que levanta a suspeita de ter envolvido-se com o tráfico de drogas.

2 - Um turista brasileiro nos EUA fotografou o rato de laboratório trabalhando como garçonete em um estabelecimento especializado em comida brasileira em Orlando. O tal turista postou as fotos no Facebook.

3 - O rato esteve desaparecido por diversos dias sem que a polícia encontrasse pistas do seu paradeiro, e, posteriormente, descobriu-se que ele utilizou uma forma eficaz de camuflar-se: disfarçou-se de nômade Beduíno no Egito e misturou-se a uma multidão que peregrinava para Meca. Ele julgou que, no meio da multidão, jamais seria reconhecido, porém, não contava com a ajuda que a polícia federal tem para estes casos: um agente especial que, durante sua infância, especializou-se em procurar personagens e objetos em multidões através dos livros da série "Aonde está o Wally?". Após visualizar uma imagem de satélite que cobria uma multidão de um milhão de pessoas, o rato foi localizado mas, antes que a polícia chegasse ao local, já havia mudado seu paradeiro.

4 - Através de uma denuncia anônima, a polícia chegou a um retiro espiritual em uma chácara na região da grande Curitiba, Paraná, Brasil, uma sociedade secreta, onde a mestre Fábia ministra ensinamentos sobre petrefiolismo. A polícia não conseguiu confirmar se realmente o rato esteve por lá, porque, a cada pergunta que fazia, a mestre Fábia passava horas e horas divagando sobre diversos assuntos, menos sobre o que fora perguntado.

5 - Ainda não foi confirmada esta informação, mas, segundo um homem que se diz dissidente, o rato organizou um pequeno grupo, um exército de rambos, que se auto denomina QPTP (Queremos Parar de Tomar Pondera) e estão fazendo uma marcha pelo interior e sertões do Brasil, nos mesmos padrões da Coluna Prestes.

O Repórter WEB Virtual Última Hora pode voltar a qualquer momento com mais informações. Fique ligado. Boa noite.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A lente

Mudança de conceito,
de pensamento,
não sei se, permanente
mas, pelo menos,
no momento
Quantas vezes
pensamos que sabemos
mas somos enganados
por nós mesmos
e descobrimos
que nenhuma luz havia
ou (assumo), havia
mas não era ela
quem nos regia:
éramos regidos pelo medo
O medo é uma lente
não do olho,
é uma lente da mente,
que não aguça a visão
Lente que atrapalha,
exibe outra película
muda, deturpa, engana,
enche-nos de razão
sendo que ela própria
roubou-nos o discernimento
Confunde interlocutores
altera o sinal
muda o sentido das palavras,
das expressões, dos rostos,
e vemos tudo e todos como parte
da grande conspiração
universal contra nós
e respiramos com cuidado
porque até o ar é suspeito
de querer envenenar-nos
ao mandado de vespas
prateadas
que levam-se
ou são levadas
em bicos de gaivotas
à esconderijos sobre rochedos.
Sob ataque, um simples gato
por mais manso e dócil
que seja,
quantos estragos fará
não reconhecerá a mão que o afaga
nem a mão que o alimenta
Ensandecido, soltará o seu grito
exporá suas garras
e saltará para o tudo ou nada
vendo sem ver,
apenas instinto
de viver, sobreviver
adrenalina animal
acertando a tudo e a todos
que possa acertar
passou-se o momento
tenso
retrai as garras
como uma espada que volta
a bainha, nas costas
de um samurai.
Não há do que envergonhar-se, o gato
lambe as garras e fica imóvel,
(aparentemente) desligado,
sob o sol
Parece não ter consciência
dos perigos que enfrenta
(e vence) e nem comemora
parece-lhe normal
vencer
um inimigo real
Mas cubro-me a cabeça
escondo-me, de vergonha
Quem dera eu fosse
ao menos quixotesco
enfrentasse moinhos, barrancos
estradas e acostamentos,
mas não...
invisto furioso contra pessoas!
contra sentimentos
contra boas-intenções
criando rusgas, mágoas
fronteiras, abismos
feridas que não cicatrizarão
lançando sobre mim mesmo
a alcunha de
o "não vale a pena" ou
o "perda de tempo"
destruindo relacionamentos
dificultando a socialização
lançando-me a margem
da sociedade
sem ser criminoso
mas por ser
este o lugar
natural
onde vivem os ratos,
as baratas, o leproso...
sou uma sombra,
uma fachada profissional
um programador
que já não programa
um profissional excluído
do círculo social
um profissional marcado:
é inteligente mas "problemático"...
que tem, como abrigo, um quarto emprestado
e que ganha o pão de favor
sem médicos, sem remédios,
sem acompanhamento,
Aproveitando uma chance
de ser autônomo
Eis aqui o espaço emprestado
desenvolva o seu projeto
o seu programa
e viva por conta.
Mas, isso é aproveitar uma chance?
O cérebro já não programa
ele esconde, atrás do projeto,
na tela do computador,
a janela de um editor
em que, no tempo que deveria
estar trabalhando
só consigo escrever
este poema da dor...
Sou, eu mesmo, tudo isso
e tudo aqui é nada:
sou o resto de mim mesmo.
Que vá ficando tudo isso
como um testemunho
uma recordação
uma receita
uma parte do que fui
ou pelo menos daquilo que quis ser...
Não é a primeira vez que vim aqui
(parece-me que este poço
está cada vez mais profundo...)
espero que deste e
de tantos outros (próximos)
poços (que virão ou possam vir)
eu venha a sobreviver
Mas será meu consolo se
no dia em que eu morrer
Alguém,
ainda que, um só que seja,
ler os meus escritos e dizer:
"Aqui jaz um homem que era poeta,
que acreditava muito em Deus,
e nunca abriu mão de sua fé".
Boa noite.

Onde...

Onde desligo a mente?
não busco nada radical
não precisa ser um "parar"
O que queria, mesmo,
era encontrar
o "pause"
ou que continuasse rodando
mas diminuísse, ao menos
o número de frames
por segundo
Rodar assim, acelerado,
dói...
meu cérebro não é duo
é dual, apenas emula
não suporta a carga
acima do normal
e faz a sua festa
como um viciado
que não consegue
(e nem sabe a hora de)
parar...
Lembro-me da sabedoria
dos antigos
das velhas fofoqueiras
que tricotavam em cadeiras
sob a sombra em seus quintais
"filósofas" enrugadas
que entre ofícios básicos e o ócio
criavam ou repassavam
ditos da dita "sabedoria popular"
e com a autoridade de uma esfinge
de verdadeiros monumentos (ainda) vivos
inspiravam-se em nossos erros
e não sem um sarcasmo
e um sorriso de desprezo
selavam nosso destino:
"Quando a cabeça não pensa,
o corpo padece"
Oh, meu Deus, olha pra mim...
e julga-me
não quero ser réu desta lei injusta
das "filósofas" de quintais
porque, no meu caso,
o corpo padece
mas não é, porque,
a cabeça não pensa
mas, sim, porque
pensa demais...


Receitas essenciais: Como fritar um ovo





1 - Ponha um pouco de óleo em uma frigideira.
   
2 - Abra o registro do botijão de gás.
   
3 - Abra o registro do fogão.
  
4 - Acenda o fogo com um palito de fósforo, ou com um isqueiro, ou com um acendedor manual, ou com o acendedor elétrico caso exista este item de fábrica para seu modelo de fogão. O que? Você não tem nada, ainda, em mãos, para acender o fogo? Vai ter que procurar? Bom, neste caso, então, feche rapidamente os registros que já abriu e vá procurar o fósforo, ou acendedor ou o raio que o parta, mas se eu tiver que falar tudo vai ficar difícil, nenhuma receita de forno ou fogão tem que avisar que precisa ter em mãos uma caixa de fósforos ou algo assim, é muito básico, qualquer um tem que saber! Vai, meu! Procura esta porcaria onde deixou e após achar me acorda, e começamos tudo de novo, do zero. Aliás, já que percebemos que isto não vai dar em nada, não me acorde, faça com esse ovo o que quiser: FRITA, RALA, ASSA, FAZ UM BRINCO E PÕE NA ORELHA, ENTERRA, SEPULTA, FAZ SERVIÇO DE FUNERAL, PÕE NO TELHADO DA SUA CASA OU EM CIMA DO CAPÔ DO CARRO PRA VER SE FRITA COM O SOL, OU JOGA NA BOCA E MASTIGA, ASSIM, COM CASCA E TUDO, OLHA, MASTIGA E ENGOLE, ENTENDEU? ENGOLE!!! MAS NÃO ME ESTRESSA, CARA, NÃO ME ESTRESSA!!! Deixa eu sumir daqui, tchau!!!!!
 
 
 
- “A produção deste programa lamenta o ocorrido, e já estamos pesquisando a enciclopédia médica para saber se existem explicações plausíveis para o que nos aconteceu nesta manhã. A emissora substituirá temporariamente esse programa, mas dentro de alguns instantes retornará com a grade normal de programação. Tenham um bom dia”.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Último informe: O rato de laboratório escapa de cerco policial!

Estamos aqui, Repórter WEB Virtual Última Hora, ao vivo pra você: interrompemos a programação normal deste blog para informar que, através de uma denúncia anônima, a polícia federal conseguiu chegar ao local do esconderijo do rato de laboratório. Ele estava no quinto andar de um prédio aqui na parte baixa do centro da cidade. Apesar da ação rápida da polícia, o rato conseguiu escapar pela janela, descendo, segurando-se e escorregando pela calha d'agua, enquanto a polícia tentava arrombar a porta. Ao chegar na calçada, haviam alguns policiais federais do lado de fora do prédio que davam cobertura aos homens que entraram e iniciou-se uma perseguição a pé no centro da cidade. Os policiais estiveram bem perto de por as mãos no rato de laboratório, mas, antes que conseguissem, deram de frente com a parada gay que está acontecendo aqui, desde o começo da manhã, nesta avenida principal, e o rato infiltrou-se rapidamente no meio da multidão. Os policiais federais fizeram o mesmo, armados, mas não conseguiram encontrar o fugitivo. Houve uma grande preocupação por parte da polícia, de que sua entrada no meio da multidão causasse um tumulto e atrapalhasse o bom andamento da festa com as cores do arco-íris, mas o incidente passou desapercebido, como vê-se através desta gravação, confira a imagem, na tela:

- "Bom, dia, meu senhor, o que está achando desta grande festa?"

- "Ai! Hoje eu sou só alegria. Quero ficar que nem está avenida: coberto de paetês, plumas, confetes e purpurina!"

- "E o que mais gostou até agora, de tudo que viu por aqui?"

- "Ahh, adorei as fantasias! São todas chiquérrimas, maravilhosas, coloridas, criativas! Mas mesmo assim é incrível como a-do-ra-mos o básico, porque a fantasia que mais gostei, mesmo, foi a de um homem alto, forte, de bigode, que estava armado e fantasiado com um colete da polícia federal... aaaaaiii, gêeenti... não aguento ver essas coisas... uuuuuuuiii!!!!"

A qualquer momento o Repórter WEB Virtual Última Hora poderá voltar com mais notícias. Fique ligado. Tenham um bom dia.