sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Viva a lucidez!

Que maravilha...
A quantos dias não via o sol!
Preciso tirar o pó de mim mesmo
Estava no limbo,
sou fungos e bolor...
Ensaio lentos movimentos
e o corpo responde
gentilmente
aos comandos tímidos
de um cérebro que as vezes
quase desiste de si mesmo.
que pena...
aqui não valem as leis da física
defendidas pelo gênio
de olhar meigo e complacente
que expandiu nossos conhecimentos
e fez comum o extraordinário,
o inimaginável:
voltei de outra esfera,
outra dimensão
outra órbita
outro sistema
outro espaço
fora dos limites onde
tempo e espaço são regidos
pelo grande astro
o maior astro dentro do nosso campo
(humano) de visão.
Quando voltei da longa viagem
aterrissei.
Esperava ver tudo e todos envelhecidos menos eu
mas foi o contrário
Só vejo a mim mesmo cada vez mais velho e cansado...
mas... que importa?
O importante é que a luz apareceu novamente!
Posso ver o dia!
Posso respirar!
Comemoro a trégua do meu calabouço
como um novo nascimento
porque a vida
entrou pela janela
tomou-me pela mão
mostrou-me a escada
e agora assiste-me
subir cada degrau, lentamente,
sendo tocado pela luz.
Luz...
o "resplandecente", o "brilhante", o "luzente",
todos são adjetivos de luz.
Lúcido também.
Santo adjetivo, este, lúcido,
para quem vem subindo do poço da tristeza e escuridão.
A vida deve ser iluminada, cheia de luz, de lucidez.
Acho que a vida tem tudo a ver com a lucidez!
Viver é algo que, se não pode ser explicado,
pode ser sentido
através dos sentidos.
O cérebro e os sentidos estão entranhados
Sem os sentidos a vida perde o sentido
pois seríamos só pensamento
algo abstrato
Não seria prazeroso viver sem sentidos
pois se é o pensamento que traz a consciência da existência
são os sentidos que forjam o sabor de estar vivo
Mas o bom e velho cérebro continua sendo vital
Que Deus vele pelo nosso cérebro
e amplifique sua existência
porque ainda que o corpo
como um todo
esteja intacto
morrendo o cérebro
todos os sentidos e sabores serão nulos,
logo, pensamento e sentidos,
são inter-dependentes entre si,
mutuamente se ajudam.
Completam-se.
Mas deixo agora os pensamentos
e invoco os sentidos
pois comemoro isso:
este dia específico
em que vou saindo do poço
não vejo alucinações
não ouço zumbidos
não me norteio pelos medos
há quantos dias eu não sabia
o que era viver sem delírios...
Subi com facilidade estes degraus
e me vejo agora, já na borda do poço
sinto a brisa do campo aberto
estava com saudades do sol
Quero eternizar este momento
ainda aqui, na escada
de olhos fechados, que bom sorver o ar...
.
..
...

espere,
desculpe-me, estou tonto...
Ei... porque está tudo escuro?
.
..
...
....

Ah....
........
entendi...
posso ver...
caí para trás...
estou no fundo do poço
de novo...

...

Que ironia... nunca gostei do lodo
sempre falei mal do lodo
mas fui salvo pelo lodo:
a queda foi amortecida
pelo lodo
que havia no fundo do poço
e, como diria
o saudoso poeta urbano:
ói nóis aqui travêis...
Comemorei cedo demais
o despertar sem delírios
mas já era delírio pensar que estava lúcido...
Devo confessar:
foi criativa, a alucinação...
transmutou-se,
diversificou-se,
reinventou-se
a intenção foi boa, tirou-me da rotina
mas, bom mesmo, seria
se fosse real...
Ora, pois, como dizem os lusitanos,
fazer o quê...
Lentamente vai se firmando
este que deve ser
meu novo estado
definitivo de normalidade.
Bom, estou cansado
e sem coragem
indisposto para chorar mais um pouco
todo leite derramado
Não sei se é comodismo
(ou, estratégia de sobrevivência?)
mas vou tratar
este lugar
como um lar...
desculpe-me,
peço-lhe licença,
vou consertar uma torneira que está pingando...

2 comentários:

  1. http://satyeyada.blogspot.com/

    Veja este último post.

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  2. Maravilha, Satye, fico feliz de você estar vivendo uma fase de equilíbrio emocional. E por se esforçar em tentar ajudar a tantos quantos conseguir. Torço por você. Fica com Deus.

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Comentários estão liberados por tempo indeterminado, pois não terei condições, por algum tempo, de moderá-los (estarei sem internet durante algum tempo então não sei quando exatamente retornarei) por isso comentem a vontade e os comentários serão publicados automaticamente, porém, fica assim, logo que consiga voltar e lê-los, caso haja algo ofensivo ou inadequado, irei deletá-los, ok? (porém, tenho que ser justo: todos que passaram aqui e comentaram ou não, até este momento, só trouxeram alegrias). Ah, sim... ainda em tempo, há um post muito indigesto neste blog, se chama "Será que vale a pena...?", este post é tão horrível que, até este presente momento, só mesmo eu tive coragem de comentá-lo, por isso, para promover aquele texto (poema????) horrendo, os heróis (que Deus lhes proteja) que conseguirem comentá-lo concorrerão a uma caixa vazia do meu remédio faixa-preta, com uma dedicatória e meu autógrafo. Fiquem com Deus, assim que possível, retornarei. Bye.